Escolher o contraceptivo certo é uma decisão importante para a saúde reprodutiva e para o bem-estar geral. Mas com uma variedade de opções disponíveis – como pílulas anticoncepcionais, dispositivos intrauterinos (DIUs) e métodos de barreira –, é normal ter dúvidas sobre qual o melhor para sua saúde. No entanto, para fazer uma escolha adequada, é fundamental considerar fatores individuais, necessidades de saúde e estilo de vida ao selecionar seu método contraceptivo.
Por essa razão, vamos explorar 5 perguntas que você deve se fazer antes de escolher um anticoncepcional. Também vamos abordar alguns outros aspectos importantes para orientar essa escolha e garantir uma decisão informada que atenda às suas necessidades específicas, já que muito provavelmente o contraceptivo da sua amiga não será o mais indicado para você. Nesse momento, o ginecologista é o profissional indicado para te ajudar na escolha do melhor método!
1. Você deseja ficar livre de hormônios?
Um desejo frequente entre as mulheres é usar um contraceptivo sem hormônios. Entre as opções disponíveis, o DIU de cobre ou de cobre com prata é o mais seguro. Com ele, você consegue acompanhar seu ciclo e entender melhor seu corpo.
Além dessa opção, também temos o preservativo, que deve ser usado em todas as situações para se proteger de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Já o diafragma contraceptivo e os métodos naturais não contêm hormônios, porém apresentam mais falhas do que o DIU de cobre ou de cobre com prata.
2. Como é sua relação com a menstruação?
Como é seu fluxo? Intenso e com muitas cólicas? Nesse caso, métodos hormonais são mais indicados porque podem reduzir ou até suspender o sangramento, melhorando as cólicas e outros sintomas da menstruação.
3. Você tem dores de cabeça?
Dores de cabeça podem piorar com o uso de estrogênio. Esse é o hormônio das pílulas combinadas, método contraceptivo mais usado no Brasil. Nesse caso, você deve optar por métodos hormonais somente com progesterona (minipílula, injetável trimestral ou implante de etonogestrel) ou por qualquer um dos modelos de DIU.
4. Você é muito esquecida?
Segundo pesquisa recente da Bayer, 62% das gravidezes no Brasil não são planejadas. Destas, 46% usavam algum método no momento em que engravidaram, principalmente a pílula. Quem se esquece de tomá-las precisa de contracepção de longo prazo, ou seja, um método que não depende de você lembrar para funcionar e que tenha longa duração – que são os DIUs ou o implante de etonogestrel.
5. Você quer menos efeitos colaterais?
Trombose, aumento de peso e perda de libido estão entre os maiores temores das usuárias de contraceptivos orais (pílulas). Esses efeitos colaterais não ocorrem em métodos somente com progesterona e nos DIUs de cobre.
Fatores de saúde na escolha do contraceptivo
Ao considerar o uso de contraceptivos, é crucial levar em conta as considerações médicas para garantir a segurança e eficácia do método escolhido. A análise das condições de saúde individuais – como histórico médico, idade, tabagismo e predisposição genética a certas doenças – desempenha um papel fundamental na determinação do contraceptivo mais adequado.
Além disso, é importante reconhecer que os contraceptivos podem oferecer benefícios adicionais para o tratamento de condições de saúde específicas, como endometriose ou síndrome dos ovários policísticos (SOP). Por exemplo, certos tipos de contraceptivos hormonais podem ajudar a controlar os sintomas dolorosos da endometriose, enquanto os contraceptivos orais combinados podem regular os ciclos menstruais irregulares associados à SOP, proporcionando não apenas contracepção, mas também alívio dos sintomas de condições médicas subjacentes.
Rotina e estilo de vida
Antes de escolher um método contraceptivo para chamar de seu, é fundamental considerar fatores como estilo de vida e capacidade de organização, já que estes aspectos desempenham papéis cruciais na adaptação ao método.
Mulheres com estilos de vida mais ativos e imprevisíveis podem preferir opções contraceptivas de longo prazo, como implantes ou DIUs, que exigem menos intervenção e não requerem lembrança diária. Por outro lado, aquelas com rotinas mais estruturadas podem optar por métodos de curto prazo, como pílulas contraceptivas ou preservativos, que exigem uma administração regular.
Sejam métodos de longo ou curto prazo, fato é que a organização pessoal surte grande influência sobre a capacidade de seguir corretamente o protocolo de qualquer contraceptivo escolhido, o que impacta diretamente sobre a sua eficácia. Assim, a compatibilidade entre o estilo de vida, a capacidade de organização e as demandas do método contraceptivo, desempenham um papel significativo na determinação da escolha contraceptiva mais adequada.
Sensibilidade e preferências pessoais
Para pessoas sensíveis à dor ou desconforto, a escolha do método contraceptivo pode ser crucial para garantir o bem-estar e a eficácia. Primeiramente, é fundamental dialogar com um profissional de saúde para entender as opções disponíveis e discutir quais podem ser mais adequadas.
A respeito de métodos não invasivos, temos contraceptivos hormonais de baixa dose, como pílulas combinadas ou adesivos contraceptivos, que podem ser recomendados para quem tem aversão a procedimentos dolorosos. Alternativamente, dispositivos intrauterinos (DIUs) de cobre, que não contêm hormônios, podem ser considerados.
A sensibilidade individual deve ser priorizada ao escolher entre métodos permanentes ou reversíveis. O acompanhamento médico regular também é essencial para avaliar a tolerabilidade e eficácia do contraceptivo escolhido.
Diafragma contraceptivo: uma opção não invasiva
O diafragma, um método contraceptivo não hormonal e de uso temporário, oferece uma série de benefícios como uma alternativa menos invasiva. Ao contrário de alguns contraceptivos de longa duração, como DIU ou implantes, o diafragma não requer intervenção médica para inserção ou remoção, proporcionando uma opção mais flexível e controlada para as mulheres.
Além disso, seu uso não interfere nos ciclos naturais do corpo, o que pode ser especialmente benéfico para mulheres sensíveis a hormônios artificiais. Com o uso adequado e de preferência realizado de maneira conjunta com o gel contraceptivo, o diafragma pode fornecer uma eficácia contraceptiva satisfatória, enquanto ainda permite à mulher maior autonomia sobre sua saúde reprodutiva.
DIU de Cobre e Prata: solução de longo prazo
O DIU de cobre com prata oferece uma série de vantagens para aquelas que procuram por um contraceptivo de longa duração e livre de hormônios, com ação anticonceptiva de até 5 anos ele se torna ideal para mulheres que desejam evitar os efeitos colaterais associados aos contraceptivos hormonais.
Sua longa duração elimina a necessidade de lembrar-se diariamente de tomar uma pílula, proporcionando uma conveniência significativa. Além disso, uma vez inserido por um profissional de saúde qualificado, o DIU é de baixa manutenção e não interfere nas atividades diárias, permitindo que as mulheres desfrutem de sua vida sem preocupações constantes com a contracepção.
Como benefícios adicionais, temos a presença da prata, que auxilia na diminuição do processo inflamatório causado pelo cobre, a base do seu mecanismo de ação no caso do DIU não hormonal. Essa atividade da prata irá se reverter em vantagens para a maioria das usuárias com a diminuição das cólicas e da intensidade do sangramento, pontos que geralmente pesam na hora de decidirem pelo DIU de cobre.
Outro ponto é que o DIU de cobre com prata possui um tamanho e formato que o tornam um método contraceptivo não invasivo e de fácil inserção, ideal para pacientes com maior sensibilidade à dor. Podendo se adequar a úteros maiores ou menores, já que possui duas versões com os tamanhos mini e convencional.
Contraceptivos e planejamento familiar
Considerações de longo prazo na escolha do contraceptivo
Ao escolher um contraceptivo, é crucial considerar as implicações de longo prazo, especialmente no contexto do planejamento familiar e da reversibilidade dos métodos. Uma abordagem cuidadosa envolve avaliar não apenas a eficácia contraceptiva, mas também os efeitos a longo prazo sobre a saúde reprodutiva, bem como a capacidade de interromper o método quando desejado. A escolha deve ser guiada por informações precisas sobre a duração da eficácia do método e sua capacidade de ser revertido com segurança, garantindo que as decisões atendam tanto às necessidades presentes quanto às futuras da mulher ou casal, estando de forma coerente com as metas futuras em relação à reprodução e ao bem-estar geral.
Comparação entre métodos reversíveis e permanentes
Na comparação entre métodos contraceptivos reversíveis e permanentes, é essencial considerar diversos fatores, como eficácia, reversibilidade, praticidade e efeitos colaterais. A comparação entre métodos contraceptivos reversíveis, como o DIU e o diafragma, e métodos permanentes, como a ligadura de trompas ou a vasectomia, deve levar em conta os diferentes aspectos individuais relacionados ao planejamento familiar.
Enquanto os métodos contraceptivos reversíveis oferecem flexibilidade e a possibilidade de concepção futura conforme a vontade da usuária, os métodos permanentes garantem alta eficácia e uma solução irreversível e de longo prazo, eliminando a necessidade de pensar em contracepção continuamente, mas exigindo uma decisão definitiva sobre a fertilidade futura e procedimentos cirúrgicos. Dessa forma, a escolha entre essas opções depende de fatores como preferências pessoais, estilo de vida, saúde reprodutiva e planejamento familiar a longo prazo.
Consulta com profissionais e tomada de decisão
Na escolha do contraceptivo é crucial a consulta médica para garantir sua saúde reprodutiva e o bem-estar. Os profissionais de saúde possuem o conhecimento necessário para orientar sobre os diferentes métodos contraceptivos disponíveis, levando em consideração aspectos como histórico médico, estilo de vida e preferências individuais. Além disso, ter discussões abertas com o seu ginecologista promove uma relação de confiança, possibilitando a troca de informações e esclarecimento de dúvidas, o que contribui para uma decisão informada e consciente.
Outro ponto é que a avaliação personalizada realizada durante a consulta médica é fundamental para identificar o método contraceptivo mais adequado para cada pessoa. Cada indivíduo possui necessidades e características únicas, e a escolha do contraceptivo deve levar em consideração fatores como idade, saúde geral, histórico médico e preferências pessoais.
Uma abordagem personalizada permite ajustar o método contraceptivo conforme as suas necessidades específicas, maximizando sua eficácia e minimizando possíveis efeitos colaterais. Portanto, a avaliação personalizada desempenha um papel essencial na promoção da saúde sexual e reprodutiva, garantindo uma escolha segura e eficaz do contraceptivo.
Leve em consideração esses fatores na hora da sua decisão. Seu estilo de vida e suas crenças são de fundamental importância. Conhecimento é o que te faz ter confiança na sua escolha e consequentemente uma melhor adaptação ao método escolhido!
Dra. Carolina Medaglia
Ginecologista - CRM DF 17442